Nos últimos meses, temos assistido uma sequência de polêmicas e notícias entre Elon Musk e Twitter, o homem mais rico do mundo e uma das redes sociais mais famosas do planeta. Quem não se interessou pelo fato de Musk ter decidido comprar a rede do passarinho no início deste ano, perdeu o fio da meada que conectaria toda a confusão envolvendo o bilionário, a rede social, idas e vindas à justiça, demissões em massa, crises de imagem e até xingamentos em projeções.
Se você é uma dessas pessoas que se pergunta “O Twitter vai acabar?” ou “O que é Koo?”, nós preparamos um conteúdo que vai explicar tudo o que levou a essa crise e ao movimento #RIPTwitter, bom.. no Twitter.
Quem é Elon Musk?
Elon Musk é um bilionário americano titulado o homem mais rico do mundo! Caso você tenha morado em uma caverna nos últimos anos e não viu as diversas ocasiões em que ele foi notícia – Musk é dono de algumas empresas bem conhecidas no mundo todo, entre elas a Tesla, de carros elétricos de luxo, e a SpaceX, uma fabricante estadunidense de sistemas aeroespaciais, transporte espacial e que já realizou o primeiro lançamento orbital tripulado privado da história.
Musk tem uma fortuna avaliada em US$128 bilhões e recentemente pôde se gabar de ultrapassar Bill Gates, fundador da Microsoft, no ranking dos mais ricos do mundo. Agora que você já sabe quem é o personagem principal dessa história, vamos para onde tudo começou.
Twitter e Elon Musk: entenda o caso
Abril – Oferta de compra
A novela entre Elon Musk e Twitter começou ainda em 2022 quando, em abril, o bilionário expressou seu interesse em comprar a rede social e chegou até mesmo a fazer uma proposta formal de compra pela bagatela de US$ 44 bilhões. Não demorou muito para o Twitter se manifestar e aceitar a proposta de Musk. Tudo corria bem entre os dois lados até julho de 2022.
Julho – Desistência
O clima entre as partes começou a esquentar quando Musk exigiu acesso a base de dados do Twitter com a intenção de saber quantas contas eram ativas na rede e quais dessas eram robôs ou perfis falsos. Os executivos da rede social não quiseram liberar dados tão importantes ao bilionário, mas chegaram a divulgar publicamente que contas falsas não representavam nem mesmo 5% dos perfis.
Musk, então, simplesmente desistiu da compra, alegando que o Twitter não concedeu as informações necessárias para fechar o negócio. Com aborrecimento para ambos os lados, o caso foi parar na justiça americana.
Julho a Outubro – Briga na justiça
O Twitter foi para os tribunais e moveu um processo contra Elon. Na disputa, a rede social queria que o empresário concluísse a compra da companhia, como foi acordado em abril. O tom da disputa na ocasião já era tenso e, para apimentar ainda mais toda a confusão, o Twitter declarou que moveu o processo para que o CEO da Tesla “honre com suas obrigações”.
No processo, os executivos no Twitter acusaram o bilionário de ter cometido uma “longa lista de violações contratuais” e exigiram que a justiça o fizesse concluir a transação de US$ 44 bilhões. Para ganhar tempo, Musk defendeu que o julgamento ocorresse em 2023, já o Twitter pediu que a corte os recebesse em setembro de 2022. Por fim, o julgamento aconteceu em outubro, com a decisão da juíza de Delaware dando razão aos advogados do Twitter, que argumentaram que a demora na decisão feria a imagem da empresa.
Outubro – Finalmente, Musk compra o Twitter
Após alguns meses de disputa judicial, em outubro, Musk declarou que faria a compra do Twitter. A juíza, então, suspendeu o processo até o dia 28 daquele mês para que as partes finalmente chegassem a um acordo.
Um dia antes do prazo se encerrar, o CEO da Tesla fechou o negócio com a rede do passarinho pelo valor proposto inicialmente. Agora, a rede social é oficialmente mais um patrimônio do bilionário.
Novembro – Funcionários do Twitter são demitidos por Musk
Com a compra da rede, a briga entre Elon Musk e Twitter estaria encerrada, certo? Errado. Após sentar na cadeira de presidente da empresa, no maior estilo “cortem-lhe a cabeça", a primeira decisão de Musk foi demitir vários executivos do alto escalão, incluindo o CEO da empresa, Parag Agrawal. As informações são que o ex-CEO, Agrawal, foi escoltado para fora da sede do Twitter.
Além dele, no comando da empresa, foram demitidos: o diretor financeiro, Ned Segal; e o chefe de assuntos jurídicos e de políticas, Vijaya Gadde. O motivo? Aquele pedido do então comprador, Elon Musk, para ter acesso aos dados da plataforma no começo das negociações. Os três demitidos foram acusados de esconder informações sobre contas falsas na plataforma.
Mas o rancor de Musk não ficou concentrado no alto escalão, ao todo foram 3.700 funcionários demitidos de uma vez pela nova gestão, o que colaborou para a escalada de uma crise de imagem do Twitter.
Novembro – Crise de imagem e recontratações
Após demitir metade dos colaboradores, o Twitter, sob o comando de Elon Musk, entrou em contato com parte dos ex-funcionários para tentar suas recontratações.
A justificativa foi que alguns deles foram demitidos por engano e outros seriam necessários para as mudanças que a nova presidência pretende fazer. O pedido de retorno deles tão depressa demonstra que a tática dita como “para equilibrar as contas” não foi bem calculada. O bilionário instigou a revolta não só dos demitidos da empresa, mas de diversos líderes de outras companhias (em linkedin, textos, artigos).
Além disso, ele foi xingado em uma projeção em vídeo na sede do próprio Twitter.
Mudanças do Twitter na Era Musk
Se em poucos dias como novo dono da rede social, o bilionário já causou tantas polêmicas, muitas pessoas se perguntam o que ele pretende para o futuro do Twitter. Em nota após a compra, Musk declarou "Quero tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a confiança, derrotando bots de spam e autenticando todos os humanos". Por enquanto, poucas informações foram divulgadas sobre quais mudanças serão adotadas, sendo elas:
- Redução em 25% do quadro de funcionários;
- Venda do selo de verificado do Twitter;
- Restabelecimento de contas banidas, como a de Donald Trump.
Sob a alegação de servir como ferramenta para a liberdade de expressão, Elon pretende trazer de volta à rede perfis banidos como os do ex-presidente americano, Trump, e o rapper Kanye West, em uso da rede para posicionamento político, decisão que tem afastado antigos parceiros do Twitter como a Anti-Defamation League e NAACP que estão preocupados com as ações recentes do novo dono.
#RIPTwitter - É o fim da rede social?
Com todos esses acontecimentos, os usuários da rede do passarinho passaram a se preocupar. Os internautas entraram no movimento RIP Twitter, deixando a hashtag entre os assuntos mais comentados do mundo. Todos os passos da compra do Twitter geraram memes e discussões na internet, principalmente na própria rede social.
Com o movimento que “prevê” o fim da rede, algumas outras opções começaram a surgir com alternativa para os internautas. Os apps que prometem ser “o novo Twitter” têm sido muito comentados na internet desde então e muitas pessoas já criaram suas contas em alguns deles.
Mastodon
Aproveitando o momento oportuno, o app Mastodon lançou uma versão para Android, já que anteriormente era restrito aos smartphones IOS. Ele é considerado uma das alternativas promissoras por oferecer uma estrutura muito semelhante ao Twitter, mas com alguns diferenciais.
Nele não há um banco de dados centralizado e isso permite que usuários criem instâncias, que funcionam como redes sociais fechadas, mas isso não os impede de “seguir” perfis de outras redes! Semelhante a quando você manda um e-mail entre gmail e yahoo!, por exemplo.
Koo App
Koo é uma rede social indiana semelhante ao Twitter e que ganhou destaque com o movimento #RIPTwitter. O microblog permite postagem com até 500 caracteres e funciona praticamente igual ao passarinho azul, com serviços como o dos Trend Topics.
O app chegou ao topo da lista de mais baixados no Brasil nas lojas virtuais Google Play Store e AppStore em novembro. Além do momento ser oportuno para a ascensão do app, no Brasil isso foi impulsionado pelos memes brincando com o nome do aplicativo.
BlueSky
O Bluesky é um aplicativo ainda em desenvolvimento por, ninguém mais, ninguém menos, que o criador do Twitter, Jack Dorsey. A empresa já está contratando engenheiros e desenvolvedores com conhecimento de sistemas móveis (Android e iOS), e com vagas abertas para outras áreas. A CEO da marca já veio a público alfinetar Musk, dizendo que “as coisas vão quebrar” e convidando os usuários a fazerem parte da nova rede.
Uma crise de reputação
Toda essa treta entre Elon Musk e Twitter, levando a uma onda que prevê o fim da rede social, ensina que a reputação de uma empresa e de uma pessoa podem ser gravemente afetadas após situações críticas como essas. O impacto na reputação de Elon Musk pode ser visto em todos os seus negócios. Desde o anúncio da compra do Twitter em abril, a Tesla teve uma grande queda no valor das suas ações e não conseguiu se recuperar desde então.
Tanto Musk, quanto o Twitter, saem desse ringue com danos à suas imagens. O CEO da Tesla agora é visto como um bilionário envaidecido e vingativo que colocou centenas de funcionários na rua, e sua reputação pessoal está diretamente ligada à do Twitter, que vive dias de incerteza e afasta parceiros e usuários.